Um homem dos sete ofícios

O Percurso de vida de José António Serrano foi pautado por diversos empregos em várias áreas 

Gerir duas agências funerárias em Alhandra e Vialonga, no concelho de Vila Franca de Xira, é o novo desafio profissional de José António Serrano, que durante a vida passou por vários empregos em diversas áreas. Foi há quatro meses que, com a ajuda de um sócio, abriu o negócio das funerárias e diz que está a adorar a experiência. Mesmo em tempo de crise o empresário não teve medo de arriscar.

Aos 47 anos José Serrano já fez muita coisa na vida: foi serralheiro, escriturário, empregado numa fábrica de bombons e taxista. Nascido, baptizado e casado em Samora Correia, no concelho de Benavente, José fez os estudos em Samora mas aos 15 anos pediu aos pais para ir trabalhar. “Eles não queriam, fizeram pressão para que eu continuasse a estudar mas eu era teimoso”, conta a O MIRANTE com um sorriso.

José acabou mesmo por conseguir levar a sua intenção avante. Começou a trabalhar nas obras e concluiu o ensino secundário durante a noite. Pouco tempo depois foi trabalhar como serralheiro para uma firma de Castanheira do Ribatejo, que já não existe. Ia para o trabalho às 06h30. Foi o primeiro empregado da empresa a pedir ao patrão uma hora para poder ir estudar. “Os meus colegas diziam que não valia a pena pedir, que ele não me iria dar essa hora, mas afinal deu”, recorda.

Naquele tempo os autocarros eram em menor número e José viajava sobretudo à boleia. Recorda a quantidade de jovens que se alinhavam junto aos correios de Vila Franca a pedir boleia para a escola, que se situava no Bom Retiro. Em alguns dias saia tão tarde das aulas que perdia o autocarro para Samora e tinha de ir pedir boleia para cima da ponte de Vila Franca.

“Naquele tempo as aulas à noite eram duras, não é como hoje em dia em que se faz um trabalho e se tira o 12º ano”, critica. Esteve três anos como serralheiro na Castanheira e mudou-se para outra empresa em Samora onde ficou outros seis anos na mesma profissão. Quando era pequeno José Serrano gostava de ter sido arqueólogo ou historiador. Uma paixão que espera ainda conseguir concretizar no futuro. Ainda passou pelo serviço militar em Leiria, concorreu à escola de sargentos mas desistiu. “Era preciso ter feitio para aquilo”, recorda.

Quando saiu ingressou num escritório em Samora onde ficou encarregado da secção de pessoal. Esteve nesse emprego durante 15 anos. “Foi tempo demais, uma pessoa vive e morre e desperdiça o tempo fechada num gabinete. Quis ir à aventura”, recorda. Mudou-se para Inglaterra onde trabalhou um ano numa fábrica de bombons e numa fábrica de carnes. A família não o quis acompanhar e José voltou a Samora. “Depois fui trabalhar como taxista em Benavente durante uns oito anos”, conta.

Ao mesmo tempo que conduzia o táxi José concluiu metade do curso de História na faculdade, em pós-laboral. Mas depois preferiu o curso de Direito, o qual está a terminar. “Faltam quatro cadeiras”, conta com orgulho.

Há pouco mais de quatro meses, com a ajuda do sócio e amigo de longa data, João Nunes, abriram duas funerárias, uma em Vialonga e outra em Alhandra. É um novo desafio na vida do homem que nunca gostou de estar parado. “Fazemos inumações, trasladações em Portugal e no estrangeiro, vendemos urnas, tratamos de cremações e oferecemos um serviço de catering à noite, quando as pessoas estão a velar o corpo. Servimos um chá e um café”, revela.

A honestidade é o seu valor principal. Diz que os seus preços são mais baixos que a média porque o país está em crise e porque, defende, Portugal viveu sempre com preços demasiado caros. “A experiência está a ser positiva, estamos a gostar, o primeiro ano é sempre o ano de lançamento porque as funerárias são tradicionalmente um negócio de família, que já têm clientela feita. Mas de todos os serviços que fizemos as pessoas têm ficado satisfeitas e isso é o mais importante”, conclui.

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